Por Rodrigo de Paula/ Plugcci- Comunicação
ENTREVISTA COM LÉO SANTIAGO DO FÓRCEPS
- Rodrigo de Paula – Faça uma síntese sobre como foi o escambo em geral
-Léo Santiago – Essa foi a segunda edição do festival, que embora continue sem patrocínio, cresceu muito em relação ao festival feito ano passado. Dessa vez tivemos 6 atrações musicais de 5 cidades mineiras e, com exceção do Ricardo Koctus (Pato Fu), todas estão ligadas a coletivos e/ou associações voltadas para o desenvolvimento da música independente. Esse Escambo também teve uma programação mais diversificada. Na parte de shows tivemos, rock, instrumental, pop e rap. Na programação geral fizemos festa de 1 ano de coletivo no bar A Obra (BH), oficina de hip hop com Renegado, exibição de curtas independentes no CineBrasa e o encontro de coletivos. Além disso migramos para a praça no centro da cidade, onde conseguimos atingir muito mais gente. Surpreendente a quantidade de gente de outras cidades que veio apesar de não termos dinheiro para pagar as passagens. Isso demonstra que as pessoas estão muito interessadas em desenvolver a cena independente mineira e que nosso trabalho vem sendo reconhecido.
- Rodrigo de Paula – Fale como foi o encontro mineiro de coletivos. Propostas, decisões, o que ficou definido?
Léo Santiago – O encontro foi muito produtivo. Acho que pela primeira vez reuniu-se tantos coletivos em MG. Estavam presentes Fórceps (Sabará), Goma (Uberlândia), Retomada (Montes Claros), Outro Rock (BH), Pegada (BH) e Anti-herói (Divinópolis). Além disso também havia representantes da banda Manolos Funk que trabalha na criação de um coletivo em Vespasiano e da banda Vandaluz que está criando um coletivo em Passos .
O encontro também contou com a participação do Kuru (Cria Cultura e SIM), Makely Ka (COMUM) e Danusa (Casulo Cultura).
O principal assunto em pauta foi o Circuito Mineiro de Música Independente. Um projeto da SIM que fará circular oficinas e palestras (talvez alguns shows) por algumas cidades do interior de MG como Sabará, Montes Claros, Uberlândia, Divinópolis etc. Criamos uma lista de discussão para articular a cena mineira a partir desse circuito e aproveitamos a oportunidade para que todos ficassem cientes do projeto.
Outra coisa importante é que foi sugerido por Kuru e Makely que os coletivos ocupem uma cadeira no Fórum da Música ao lado da Sociedade Independente de Música (SIM), Comum - Cooperativa de Música, Associação Artística dos Músicos de Minas Gerais (AMMIG), Associação dos Amigos do Clube da Esquina e Associação Nacional dos Violeiros do Brasil (ANVB).
Isso é importante porque o Fórum da Música é resultado de um trabalho conjunto na cena musical mineira, que já conseguiu, por exemplo, R$ 1,5 milhão do governo estadual através do projeto Música Minas.
Embora o Fórceps, o Goma e o Retomada tenham cerca de apenas um ano e os coletivos de BH tenham surgido nos últimos meses já é possível verificar o fortalecimento no diálogo, o estreitamento nas relações e nos objetivos e a aceleração do processo de organização em rede. A expectativa é de que na próxima década MG seja o maior e mais organizado mercado de música independente do país.
- Rodrigo de Paula – Quais são os planos do Fórceps de caráter estadual?
Léo Santiago – No encontro de coletivos ficou definida a presença do Fórceps no Fórum da Música (embora isso ainda tenha que ser aprovado pelos outros integrantes do Fórum) e portanto nos dedicaremos muito a isso a partir de agora. Além disso há o Circuito Mineiro que começa a funcionar nos próximos meses e no qual nós estamos nos envolvendo cada vez mais. Essas certamente serão as duas prioridades nos próximos meses, além do Grito Rock que começa a ser pensado já em outubro.
- Rodrigo de Paula – A banda Furo de Montes Claros participou do escambo. Qual é sua avaliação sobre o trabalho da banda?
Léo Santiago – Gostei bastante do que ouvi. O problema é que quando você produz um festival raramente tem tempo para ver ou prestar atenção num show completo. Mas já tinha ouvido na web e acompanhei uma boa parte do show. Acho que eles têm potencial pra circular bastante não só em MG mas também no circuito nacional de festivais. Antes da gente chamar o Furo eu já tinha ouvido alguns elogios de gente de BH que tinha visto a banda num show feito há anos atrás em BH. Ou seja, é uma banda que embora não toque muito por aqui já deve ter conquistado um certo público.
- Rodrigo de Paula - Qual sua visão sobre a cena independente de música independente no estado de minas e a demanda que está surgindo do interior?
Léo Santiago – Acho que todo mundo concorda que MG tem o maior potencial musical ao lado de SP quando o assunto é o estabelecimento de um mercado independente. São quase mil cidades, diversidade artística e milhões de pessoas para consumir música.
O problema de MG é que que durante muito tempo todo mundo ficou esperando BH fazer alguma coisa, até que percebemos que o que há e mais interessante no momento em que vivemos é justamente a possibilidade de descentralização. Precisou Uberlândia fazer o Jambolada e os coletivos pipocarem no interior para BH acordar. Agora há o Outro Rock, o BH Indie, o festival Garimpo e o coletivo Pegada que estréia em outubro.
Temos tudo na mão para fazer o cenário musical mineiro decolar. Lugares muito menores já fizeram muito mais do que nós e tenho certeza de que todos aqui sabem do potencial do Estado. Aliás o encontro de coletivos foi bom por isso também. Deixou bem claro o tamanho das coisas quando se fala em música independente e mostrou a importância de se articular. Sei que muita gente saiu dali com outra visão das coisas.
A tendência certamente é o alastramento de coletivos por todo o interior. Pouco mais de um ano atrás não havia nenhum coletivo em MG. A partir de junho deste ano apareceu um por mês. Isso é fantástico e o melhor é que é só o começo.
Rodrigo de Paula - Para quem quiser conhecer mais sobre o Fórceps e o Escambo quais são os endereços e contatos?
Léo Santiago -
leosantiago@gmail.com (msn)
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